quinta-feira, 1 de maio de 2008

Chaõ de giz - Zé Ramalho

Zé Ramalho teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, porém ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida porum "garoto pé rapado" que ela apenas "usava".Assim, o caso,que tomava proporções grandes, foi terminado. Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs essa canção.



"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"



Um de seus hábitos,no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento.



"Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúde"



Outro hábito seu era recortar e admirar todas as fotos dela que saíam nos jornais - lembrem-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.



"Eu vou te jogar num panode guardar confetes"



Pano de guardar confetes são aqueles balaios ousacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel,etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.



"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"



Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico.



"Há tantas violetas velhas sem um colibri"



Há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri e rejeitá-lo.



"Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus"



É clara a dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de vênus, para transar com ela.



"Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro"



Novamente ele invoca a fugacidadedo amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempode se fumar um cigarro.



"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"



Para que beijá-la,"gastando o seu batom"(o seu amor), se ela quer apenas o sexo?



"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"



Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar.Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembrem-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio!



"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar"



Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.



"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"



Ele era bem mais novo que ela. Ele era um "boy", ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?).



"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"



Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso!



"Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval"



Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.



"E isso explica porque o sexo é assunto popular"



Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela(ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado- uma constatação amarga para ele, nesse caso.

Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo"popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.



"No mais estou indo embora"



Após sofrer tanto e depois desabafar,dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

4 comentários:

Anônimo disse...

Música bem interessante...

Abraços

Geruza Zelnys disse...

boa pesquisa pessoal do vestibularrr!
vcs se sairam muito bem, viu!
como teremos pouco tempo para falar sobre a canção sugiro q vcs deixem recados nos demais blogs para eles lerem a análise da música aqui!
beijosss
G.

Geruza Zelnys disse...

gostaria de ver aqui uma impressão pessoal da dupla, o que acharam desta canção?

Anônimo disse...

SEMPRE PROCUREI ENTENDER ESTA CANÇÃO. CHEGUEI A ESTE BLOG POR MERO ACASO, UM EXCELENTE ACASO. FIQUEI MUITO FELIZ POR ENTENDER ALGO QUE ME PARECIA VAGO, DILUÍDO PELO TEMPO E PELOS SÍMBOLOS BEM PECULIARES À CANÇÃO. PARABÉNS!
PROF. ME. VALMIR PIMENTEL AMARAL - IFAL.

 
© Papeis Krista '' Por Elke di Barros