sábado, 4 de outubro de 2008

Vanguardas Européias

Vanguarda é o nome que se dá ao conjunto de tendências que, numa determinada época, se opõem às tendências vigentes, principalmente no campo das artes.Cronologicamente, tais manifestações artísticas surgiram em torno da 1º Guerra Mundial, compreendendo o período que a antecedeu e o período que a sucedeu - quando então o mundo já se preparava para a 2º Grande Guerra.


Futurismo(1909)____________________________________
"Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminé de fábricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa arte."


~~>Versão dinâmica da realidade;
~~>Verso livre
~~>'Imaginação sem fios' - palavra em liberdade;
~~>Valorização da máquina, da velocidade, dos símbolos;
~~>Destruição da sintaxe;
~~>Abolição dos adjetivos, advérbios, pontuação, conjunções.


Cubismo(1913)_____________________________________
"Os grandes poetas e os grandes artistas têm por função social remover continuamente a aparência que reveste a natureza, aos olhos dos homens. A ordem que aparece na natureza é que é senão um efeito da arte, logo se evaporaria. Tudo se desmancharia no caos. Não mais estações, não mais humanidade, não mais vida, e a escuridão reinaria para sempre. Os poetas e os artistas determinam e consertam a imagem de sua época e docilmente o futuro se amola a seu gosto"


~~>Pablo Picasso - seu maior representante na pintura;
~~>Imagens fracionadas em planos superpostos;
~~>Estrutura nominal, invenção de palavras;
~~>Ilogismo;
~~>Subjetivismo;
~~>Humor através de uma linguagem mais ou menos caótica.

Expressionismo(1910)_______________________________
"A terra é uma paisagem imensa que Deus nos deus. Temos que olhar para ela de tal modo que ela chegue a nós sem deformação. A realidade tem que ser criada por nós, o universo total de artista expressionista torna-se a visão. Ele não vê, mas percebe, ele não descreve, acumula vivências, ele não reproduz, estrutura. Cada homem não é mais indivíduo ligado a obrigação, à moral, à sociedade... Nessa arte ele se torna somente o mais grandioso ou o mais humilhado: ele se torna homem."


~~>Pintura: Van Gogh;
~~>Expressão das emoções e do mundo interior do homem usando a distorção violenta, a cor forte, o traço exagerado;
~~>Anita Malfatti(exposição em 1917)
~~>Percepção;
~~>Artista não descreve, acumula vivências;
~~>Interessa ao artista exteriorizar as sensações,, captar o que está além dos fatos


Dadaísmo(1918)____________________________________
"A arte precisa de uma cirurgia. Eu sou contra os sistemas. O melhor dos sistemas é aquele que tem por princípio, nenhum princípio.. no fundo é tudo merda! Que cada homem grite, há um grande trabalho desmeiteiro, negativo a executar. Varrer, limpar. Ser dadá é ser anti-dadá "


~~>Apologia ao absurdo e ao incoerente;
~~>Propõe a destruição do ambiente;
~~>Ausência do equilíbrio, irreverência;
~~>Linguagem improvisada;

~~>Explora o uso de neologismo;

~~>Aproximação com o mundo dos loucos.


Surrealismo(1924)__________________________________
" Mandem trazer algo com que escrever, depois de se haverem estabelecido em um lugar tão favorável quanto possível à concentração do espírito sobre si mesmo. Ponham-se no estado mais passivo ou receptivo que puderem. Escrevam depressa, sem assunto preconcebido, bastante depressa para não conterem e não serem tentados a reter. A primeira frase, virá sozinha"

~~>Abstrato

~~>A arte se liberta da lógica e da razão

~~>Idéias de bom gosto e decoro devem ser subvertidas

~~>Escrita automática

~~>A arte é produto de cidadãos comuns

domingo, 7 de setembro de 2008

Sagarana


Escrita em 1937, a obra Sagarana foi submetida a um concurso literário (Prêmio Graça Aranha, da Editora José Olympio) em que ficou em segundo lugar. O autor usou o pseudônimo de Viator que, em latim, significa viandante. A obra trazia quinhentas páginas. Com o tempo, foi reduzida para cerca de trezentas e publicada em 1946.O título é um hibridismo (união de dois radicais de línguas distintas): saga, de origem germânica, significa "canto heróico" e rana, de origem indígena, quer dizer "à maneira de" ou "espécie de".As estórias desembocam sempre numa alegoria, e o desenrolar dos fatos prende-se a um sentido ou "moral", à maneira das fábulas. As epígrafes, que encabeçam cada conto, condensam sugestivamente a narrativa e são tomadas da tradição mineira, dos provérbios e cantigas do sertão.A obra começa com uma epígrafe, extraída de uma quadra de desafio, que sintetiza os elementos centrais da obra - Minas Gerais, sertão, bois, vaqueiros e jagunços, o bem e o mal:"Lá em cima daquela serra, passa boi, passa boiada, passa gente ruim e boa, passa a minha namorada".Sagarana compõe-se de nove contos:

domingo, 17 de agosto de 2008

Para a nossa Gê

Um homem com uma Kawasaki Ninja em mãos, pensa que é rei, um imortal. Quer mostrar poder. Quer conquistar gatinhas. Quer correr além dos limites do tempo e espaço. Nada mais normal, com uma Kawasaki Ninja isso é bem possível. Com umas 400cc você faz o que quer. O problema é se conter perante a tanto poder. Uma hora você extrapola, exagera, pensa que é o Cap. Nascimento, daí é um abraço. Morre ou voa. Talvez os dois. Eu voei.
Até seria compreensível eu me acidentar com uma Kawasaki 400cc. Nada mais justo do que correr com uma máquina destas. Eu diria que é até recomendável. Seria meu caso se não houvesse um detalhe: eu não estava em uma Kawasaki Ninja, eu estava em uma Lambreta!? Céus, eu morreria em uma lambreta. Todavia, felizmente, apenas voei.
Tudo começou com uma brincadeira. A lambreta nem minha era. Era de um amigo, era para me divertir pelas ruas do bairro. Mas, incrivelmente, pelas leis de Murphy, aquela lambreta se transformou em uma máquina mortífera disposta a me levar desta para uma melhor, ou talvez pior, ou sabe-se lá o que. Não gosto de pensar nisso.
Em fato, eu queria continuar vivendo. Céus, tanta coisa para conhecer. Porém, não pensei na vida quando vi aquela bela e assaz descida perante mim. Era apenas eu e ela. Ela me dizia: -Venha, desça correndo, sou toda sua. Não pensei duas vezes, acelerei. A lambreta até pediu água, começou a fazer um barulho sinistro, até digo que se eu morresse naquele momento, eu morreria assustadoramente ouvindo um som do cão. Assim fui descendo, correndo, vendo a vida passar. Começou a ficar rápido demais. Muito rápido.
Incrivelmente, naquele momento, eu tive uma visão. Um visão toda borrada. Eu estava voando! Foi rápido, demasiado rápido. Engraçado a sensação que se sente quando você está sofrendo um acidente. Simplesmente você não acredita. É um sonho? Uma ilusão de ótica? Não, você está se ferrando, amigo. É realidade. Mais engraçado ainda é ouvir o barulho todo e saber que o ferrado da vez é você. Dolorosamente você. Neste caso, eu. Só não chorei devido ao meu imenso poder Jedi. Doeu.
Ver a morte de perto não é fácil, não. É uma adrenalina sem igual. Eu estava ferradamente sem capacete. Até porque… Capacete com lambreta? Nem. Coisa de moça. Todavia, naquele momento me seria providencial. Seria, mas não foi. Voei legal, fui parar a praticamente uns dois metros de distância da lambretinha. Para você ter noção, o barulho foi tão altamente incrível, que os vizinhos até saíram de suas casas para verem o que aconteceu. Fofoqueiros.
Dizem que quando se vê a morte, você vê um pequeno filme da sua vida. Eu não vi nada, a não ser o asfalto se aproximando. Todavia, apenas adquiri alguns leves ferimentos nos braços, que foram usados para proteger meu rosto na queda. Menos mal. Ferimentos leves. Trauma profundo. Enquanto eu voava, eu pensava na vida, em coisas que ainda precisava conhecer.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Porto Seguro


"Sempre é tudo aquilo que se faz eterno''

terça-feira, 17 de junho de 2008

Modernismo


O Modernismo Brasileiro é um movimento de amplo espectro cultural, desencadeado tardiamente nos anos 20, nele convergindo elementos das vanguardas acontecidas na Europa antes da Primeira Guerra Mundial - Cubismo e Futurismo - assimiladas antropofagicamente em fragmentos justapostos e misturados.
A predominância de valores expressionistas presentes nas obras de precursores como Lasar Segall, Anita Malfatti e Victor Brecheret e no avançar do nosso Modernismo, a convergência de elementos cubo-futuristas e posteriormente a emergência do surrealismo que estão na pintura de Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Ismael Nery. É interessante observar que a disciplina e a ordem da composição cubista constituem estrutura básica das obras de Tarsila, Antonio Gomide e Di Cavalcanti. No avançar dos anos 20, a pintura dos modernistas brasileiros vai misturar ao revival das artes egípcia, pré colombiana e vietnamita, elementos do Art Déco.
São Paulo se caracteriza como o centro das idéias modernistas, onde se encontra o fermento do novo. Do encontro de jovens intelectuais com artistas plásticos eclodirá a vanguarda modernista. Diferentemente do Rio de Janeiro, reduto da burguesia tradicionalista e conservadora, São Paulo, incentivado pelo progresso e pelo afluxo de imigrantes italianos será o cenário propício para o desenvolvimento do processo do Modernismo. Este processo teve eventos como a primeira exposição de arte moderna com obras expressionistas de Lasar Segall em 1913, o escândalo provocado pela exposição de Anita Malfatti entre dezembro de 1917 e janeiro de 1918 e a 'descoberta' do escultor Victor Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso estes três artistas constituem, no período heróico do Modernismo Brasileiro, os antecedentes da Semana de 22.
A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que visava atualização das artes, e a sua identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti como um evento que causasse impacto e escândalo. Esta Semana proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o desenvolvimento artístico e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da Modernidade Brasileira.

Pré-Modernismo



Não se trata de uma escola literária, mas sim de um período de transição entre a decadência dos movimentos literários anteriores e a introdução da arte moderna, que nascia com sede de libertação das amarras do passado, refletindo as inúmeras transformações que ocorriam no mundo no início do século XX.
Em geral, tratando-se de movimentos literários, não é possível percebê-los como realidades fechadas. Principalmente por se tratarem da circulação e expressão de idéias, as vertentes muitas vezes se misturam e se influenciam mutuamente. No quadro que antecedeu o Modernismo brasileiro, concepções artísticas do século anterior (parnasianas, realistas, naturalistas, simbolistas, românticas, etc.) coexistiam e deram a tônica sincrética do Pré-modernismo.




Principais características:




~~>O interesse crítico pela realidade nacional : representa uma inovação em face da produção literária anterior, em que apenas raras exceções focavam os problemas locais, a exemplo da sátira de Gregório de Matos. Tanto nos modelos realistas-naturalistas, quanto nos parnasianos e simbolistas, o interesse era mostrar traços universais da condição humana. Os pré-modernistas vieram realizar uma “radiografia crítica” do Brasil, sendo explícito o caráter social na maioria das obras, a exemplo da obra “Canaã”, de Graça Aranha, que retrata a imigração alemã no Espírito Santo e suas implicações racistas.




~~>A literatura sociológica : os romances vão além da simples ficção e incorporam teses históricas, políticas, culturais e antropológicas às análises realizadas.





~~>O sincretismo : as obras trazem a mistura de características de diversos movimentos. É o caso do toque romântico notado na dimensão épica dada a alguns personagens, a exemplo da imagem heróica do sertanejo retratada em “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Aparecem ainda traços realistas, como a documentação da realidade social e naturalistas, como a aplicação de teorias científicas, a exemplo do determinismo, na análise dos personagens. Na poesia de Augusto dos Anjos, é possível notar a influência parnasiana, simbolista e naturalista.
A linguagem simples e coloquial: esta não é uma característica notada em todas as obras, mas aparece em autores como Lima Barreto que, buscando um “escrever brasileiro”, muitas vezes ignora a própria norma culta.

Memórias de Um Sargento de Milícias



Em vez dos salões aristocráticos e dos ambientes sofisticados, a ação de Memórias de um Sargento de Milícias se passa nas ruas e casebres do Rio de Janeiro do "tempo do rei"(D. João VI). A linguagem é coloquial, próxima da fala do povo, e teve grande aceitação entre o público. O romance retrata de modo picaresco a sociedade carioca; as festas, batizados, procissões. É o romance de costumes. A obra de Manuel Antônio de Almeida permaneceu como a mais adulta e envolvente da época. Devido a isso, é considerado como romance pré-realista, apresentando contudo vários pontos de contato com o Romantismo, como por exemplo o estilo frouxo, a linguagem descuidada e o final feliz.
O meirinho Leonardo Pataca - pai de Leonardo - conhece no navio Maria das Hortaliças. Maria, já no Brasil, é flagrada pelo marido com outro homem e foge para Portugal. Leonardinho é desprezado pelo pai e vai ser criado pelos padrinhos, o Barbeiro e a Parteira. Desde pequeno provou que não queria nada com preocupações na vida, era preguiçoso e desordeiro. A vida de Leonardo se dá na dimensão da malandragem Conhece Luisinha, moça que ele primeiro descreve como "sem graça" mas depois começa a gostar dela. Adolescente, foi viver com Vidinha e graças à sua malandragem foi preso e engajado como soldado de milícias. E tinha como chefe o terrível Major Vidigal. Ainda assim ele foi preso mais uma vez, mas contou com a sorte de ter uma senhora, ex-amante do Major Vidigal, para inteceder por ele. Além de ter sido solto, recebe uma promoção e passa a ser sargento de milícias. Por fim, ele se casa com a agora viúva Luisinha, rendendo-se ao ideal romântico (o primeiro amor).


De olho no vestibular !


1. Leonardo é dito "filho de uma pisadela e de um beliscão" porque:

a)não lhe são conhecidos os verdadeiros pais e essa é uma forma de mostrar-se que tem origem desconhecida.

b)o pai, Leonardo Pataca, e a mãe, Maria da Hortaliça, agrediam-se costumeiramente em suas brigas.

c)foi dessa maneira que seus pais começaram seu relacionamento, em um navio, a caminho do Brasil.

d)essa seria uma forma de desmistificá-lo perante o leitor.

e)porque ele sofria violências constantes em seu lar.


2. Aponte a alternativa incorreta:

a)Manuel Antônio de Almeida publicou um romance apenas, denominado Memórias de um Sargento de Milícias.

b)O romance em questão foge aos padrões estabelecidos para as obras do Romantismo.

c)A obra passa-se na segunda metade do século XIX, época em que D.João VI estava no Brasil ("Era no tempo do rei").

d)Para poder escrever o romance, o autor teve que recolher informações com um companheiro de trabalho que vivenciara a época retratada.

e)Leonardinho é um anti-herói, seguindo o modelo do herói picaresco espanhol.


3. Com relação a Memórias de um Sargento de Milícias, não podemos afirmar que:

a)O "canto dos meirinhos", citado no início do romance, era um local da cidade do Rio de Janeiro onde se reuniam tais funcionários do poder Judiciário.

b)Os meirinhos eram bastante considerados no tempo do rei.

c)Os meirinhos de hoje são exatamente iguais aos daquele tempo, "gente temível e temida, respeitável e respeitada".

d)as condições físicas dos meirinhos influíam, para que fossem respeitados.

e)Meirinhos e desembargadores exerciam as mesmas funções, fechando um círculo Judiciário.


4. "Tratou-se de resolver uma importante questão: para a companhia de quem iria o Leonardo? A abertura do testamento, feita nesse mesmo dia resolveu a questão." O segmento refere-se:

a)À morte de Leonardo Pataca, que deixa para o filho todos os bens que adquirira em vida.

b)À morte do Compadre, que fez do rapaz seu herdeiro universal.

c)À morte de D.Maria, que legara a Leonardo sua fortuna, para que este cuidasse de Luisinha.

d)Àmorte da Comadre, que, por não ter filhos, deixou seus humildes pertences para o afilhado.

e)À morte de Maria da Hortaliça, que, bem casada em Portugal, torna seu filho e herdeiro um verdadeiro magnata.


5. Vidinha é:

a)a sobrinha de D.Maria, que fica em sua companhia após uma demanda.

b)a esposa do toma-largura, com quem Leonardo é pego tomando sopa, sendo perseguido pelo marido enciumado.

c)ma mulata bonita que vive com o Major Vidigal.

d)uma jovem que vive somente com três primos em uma casa do subúrbio do Rio de Janeiro.

e)uma apreciadora de modinhas que cantava e deixava Leonardo encantado.


6. Das alternativas seguintes, seria verdadeiro afirmarmos que:

a)O Major Vidigal é responsável pelas prisões de Leonardo, mas também por sua nomeação como grana­deiro e sargento de milícias.

b)O Compadre conseguira enriquecer tão somente graças a seus esforços pessoais, na profissão de barbeiro.

c)Maria da Hortaliça não era uma mulher honesta, porém se mostrou mãe dedicada e amorosa. d)Luisinha amava José Manuel, o que a fez trocá-lo por Leonardo.

e)Leonardo e Chiquinha realizaram seu sonho e tiveram uma filha calma e assentada.


Gabarito:

1)c

2)c

3)e

4)b

5)e

6)a

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A Cidade e as Serras



Este último romance de Eça de Queirós foi publicado em 1901, um ano após sua morte. Retirado do conto "Civilização", tem sido considerado, junto com as obras "A Ilustre Casa de Ramires" e "Correspondência de Fradique Mendes", uma trilogia, cujo ponto comum é a crítica ao ambiente social e urbano de Portugal.Como o próprio nome da obra revela (a cidade se opõe ao campo), pretende criticar o progresso técnico, urgente e rápido, na virada do século 19 para o 20. Eça de Queirós julgava, ao fim da vida, que o homem só era feliz longe da civilização. Por isso, a temática mais forte da obra é contra a ociosidade dos que têm dinheiro na cidade, e sua vida burguesa, ou seja, o acúmulo irrefletido de dinheiro.
Um interessante foco narrativoDizem os críticos que neste romance Eça aproveita para fazer seus personagens "olharem" as imagens que ele mesmo via quando criança. É um bucolismo romântico que volta e contamina seu romance. Na verdade, porém, quem conta a história e as aventuras por que passa o personagem principal Jacinto Galião, é um amigo seu, José Fernandes, que também está na história, mas sente-se menos ilustre que Jacinto, herdeiro rico e personagem central de crítica de Eça de Queirós à riqueza. O romance começa assim: "O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival".Esse foco narrativo (ou seja, essa maneira de contar a história) tem um nome técnico, "eu-como-testemunha", e é muito apropriado para obras que desejam ser críticas, pois o personagem-narrador acompanhará o protagonista em suas aventuras; e, como contará a história tempos depois, pode ser bem crítico e analisar melhor o que a
conteceu. No caso, o apego de Fernandes ao protagonista tem ainda outra razão: este narrador quer entender o que faz um homem rico (nascido em Paris, capital da França) trocar tudo pelo campo, no interior de Portugal.
Enredo: a Vida fácil no campoEmbora muito inteligente e capaz, Jacinto vive do dinheiro herdado da família. Desde pequeno tudo dava certo em sua vida. Já adulto, elegante e culto, parece achar que os males humanos seriam curados com a volta das pessoas à vida no campo. É muito fácil pensar assim, quando, tendo muito dinheiro, não se precisa plantar, nem colher, nem viver as privações do trabalho agrícola. Há, portanto, um moralismo simplificador nesta obra, que faz com que alguns críticos julguem o personagem um pouco tolo, e Eça de Queirós um tanto superficial.De início, a maior preocupação de Jacinto era defender o progresso, a civilização e a cidade grande. Achava ele que ser civilizado era enxergar adiante, ver o futuro. José Fernandes (narrador e seu amigo) fica espantado quando reencontra Jacinto em Paris, em sua mansão na Avenida Campos Elísios (Les Champs Elysées), número 202. Há todo o tipo de modernidade e luxo, além de uma biblioteca com milhares de títulos dos principais escritores e cientistas do mundo. Convidado por Jacinto a morar em Paris, o narrador percebe (e nos conta) que Jacinto vai-se decepcionando com a superficialidade das pessoas com quem convive. Ele passa a conviver mal com o barulho da cidade, com o movimento e burburinho das pessoas em festas e reuniões e com a tecnologia, que sempre o deixa na mão.
A ida para o campoOs incidentes da vida moderna davam, na verdade, tédio em Jacinto. Seu criado fiel, Grilo, conta ao narrador que o mal de seu patrão "era fartura". "O meu Príncipe sente abafadamente a fartura de Paris...", diz ele. Jacinto, numa mudança existencial, passou a achar que Paris era uma ilusão, tudo era abafado e não havia grandeza na cidade: comerciantes, cortesãs, famílias desagregadas era a única realidade. Começa a filosofar, e o narrador nos conta o que ele dizia: "o burguês triunfa, muito forte, todo endurecido no pecado - e contra ele são impotentes os prantos dos humanitários..."Um dia Jacinto decide: mudará para Tormes, sua propriedade rural, onde seus avós estavam enterrados. Ambos os amigos partem então de Paris para as serras. Nosso narrador ainda diz que Jacinto afirmava que "encontrariam o 202 no interior", contando, é claro, com o conforto daquela propriedade, um castelo.As coisas não dão tão certo: o advogado do milionário não o esperava chegar tão cedo, as malas da viagem ficaram perdidas e os dois amigos ficaram a pé para atravessar a serra. Pior: ninguém da casa sabia que eles viriam. Por isso não havia conforto, nada estava preparado.
O milagre da comida caseiraIrritado, sem saber viver sem conforto, Jacinto afirmou que iria a Lisboa. Mas Melchior, o caseiro, arranjou-lhes uma comida simples, sem taças de cristal nem porcelana. Começa a mudança do protagonista: "Diante do louro frango assado no espeto e da salada (...) a que apetecera na horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos lábios de Platão, terminou por bradar: 'É divino'."Apaixonado pela nova vida, o dono da mansão do "202" em Paris ficará em Tormes, mesmo sozinho, pois seu amigo, o narrador, havia partido para outra cidade. Intrigado com essa espantosa decisão do amigo, José Fernandes volta a visitá-lo e o encontra forte, corado, "parecia um camponês".
O campo muda o homemConhecendo a pobreza que há nos campos, Jacinto começa a cuidar dos humildes. Queria fazer benfeitorias, trazer certa "civilização" ao interior de Portugal. Numa das festas desse mundo interiorano, conheceremos também a ignorância e o atraso em que viviam os camponeses. Havia (nos conta o narrador) uma "mentalidade política atrasada, absolutista", enquanto nas cidades havia novas doutrinas e teorias (como o positivismo, com o qual simpatizavam por ambos, Jacinto e José Fernandes).Numa das visitas à família do amigo, Jacinto conhecerá a prima de Fernandes, Joaninha, uma camponesa típica. Apaixonado, o rico rapaz acaba casando-se com ela, tem dois filhos sadios e alegres. Depois de cinco anos de felicidade, o dilema existencial entre a "cidade e as serras" se resolverá, finalmente, pois chegarão à fazenda os caixotes antes embarcados em Paris e perdidos há anos. Jacinto aproveitará muito pouco do que há de "civilização" nas malas.E o narrador, depois de passar mais algum tempo em Paris, volta ao campo definitivamente, convencido de que Jacinto estava certo: era bem melhor a vida no campo.O livro termina desta forma: "E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa - o meu Príncipe (..), a minha prima Joaninha (...) e eu (...), tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delícias (...), seguramente subíamos para o Castelo da Grã-Ventura."

domingo, 8 de junho de 2008

MEU ANIVERSARIO

DIA 07/06 -> ANIVERSARIO DO JEFFERSON
Uma pessoa como qualquer outra, porem é muito legal e simpatico hahahaha um pouco humilde eu sei mas, o que mais prevalece nele eh sua verdade, nunca mentiu hahahahaha.... se alguem quiser saber algo a mais dessa pessoa é só perguntar para ele. Tenho certeza que responderá.

-> Questoes de vestibular
1.Que ano Jefferson Jose Volpatto Buratti nasceu?
a)1190
b)1990
c)1991
d)1992
e)2997

2.Que dia ele fez aniversario?
a)2
b)3
c)21
d)7

e)10

3.Que signo o pertence?
a)Gemios
b)Libra
c)Touro
d)Nenhum
e)Maonese

ps. perguntas elaboradas pela FGV que foi copiada pela USP , UNICAMP,ITA ......... ate do exterior

ADORO

sábado, 10 de maio de 2008

SIMBOLISMO

Características
Poesia como mistério: idéias vagas e obscuras, ilogismo, hermetismo, imprecisão.
Poesia como evocação: distanciamento do real, culto do etéreo, espiritualismo, misticismo, ânsia de superação.
Poesia como fruto do conflito versus mundo:tédio, desilusão, pessimismo, melancolia, consciência da efemeridade da vida.
Poesia como fruto de inconsciente:evocação do mundo íntimo.
Poesia como símbolo:uso de alegorias, sinestesias, metáforas, comparações.
Poesia como música:assonâncias, harmonia entre as palavras, ritmo marcante.
Poesia como manifestação do belo:escolha cuidadosa de palavras que causem impressões sensíveis, neologismos, combinações novas entre vocábulos.

--> Questoes de vestibular:

http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/1434835/t1343.asp

http://www.estudantes.com.br/simulado/sim_11_3.asp?mat=L%CDNGUA+PORTUGUESA

http://www.vestibulandoweb.com.br/portugues/fuvest2000.htm

-->Aprofundamento:

http://www.elitecampinas.com.br/sobrevestibulares/calendarios2007/dicas_fuvest1fase/portugues.htm

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Força,Babi!

Quando descobrimos que saudade é um sentimento só nosso, descobrimos também que lembrar dos momentos vividos perto de quem se ama, nos deixa com vontade de voltar no ontem para recuperar os instantes não aproveitados e para tentar trazê-los para o presente, como um presente que se ganha.Muitas vezes, sonhamos acordados, imaginando ter ao nosso lado a razão do nosso viver. Mas o sonho se desvanesse e fica apenas a saudade daquele abraço que aconteceu num tempo tão distante.Decobrimo-nos envolvidos por uma dor tão profunda que nos remete a buscar no amanhã a esperança do reencontro e é nesse instante que compreendemos a dor de uma saudade.Sentimento tão doce, tão terno que, mesmo fazendo sofrer ao lembrar da razão dele existir, um sorriso brota em nossos lábios, como a dizer: " não passei em vão por esta vida".

Babi...

Lamentamos pelo que aconteceu.
Apesar de tudo,nunca se está preparado para uma coisa dessas...
Que você continue sendo essa menina iluminada,sorridente,meiga,cheia de vida,que leva a alegria por onde passa.
Para o que precisar,conte conosco.Esperamos de braços abertos o seu retorno.
Enquanto isso,muita força; que Deus abençôe a você e a sua família.
Beijos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Chaõ de giz - Zé Ramalho

Zé Ramalho teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, porém ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida porum "garoto pé rapado" que ela apenas "usava".Assim, o caso,que tomava proporções grandes, foi terminado. Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs essa canção.



"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"



Um de seus hábitos,no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento.



"Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúde"



Outro hábito seu era recortar e admirar todas as fotos dela que saíam nos jornais - lembrem-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.



"Eu vou te jogar num panode guardar confetes"



Pano de guardar confetes são aqueles balaios ousacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel,etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.



"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"



Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico.



"Há tantas violetas velhas sem um colibri"



Há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri e rejeitá-lo.



"Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus"



É clara a dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de vênus, para transar com ela.



"Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro"



Novamente ele invoca a fugacidadedo amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempode se fumar um cigarro.



"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"



Para que beijá-la,"gastando o seu batom"(o seu amor), se ela quer apenas o sexo?



"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"



Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar.Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembrem-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio!



"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar"



Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.



"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"



Ele era bem mais novo que ela. Ele era um "boy", ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?).



"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"



Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso!



"Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval"



Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.



"E isso explica porque o sexo é assunto popular"



Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela(ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado- uma constatação amarga para ele, nesse caso.

Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo"popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.



"No mais estou indo embora"



Após sofrer tanto e depois desabafar,dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

O fantasma da máquina



O conto “O Fantasma da Máquina” (2005), de Nelson de Oliveira, tem na figura-fantasma, que opera à semelhança de um vírus de computador, a responsável pela desestruturação da narrativa, desde a própria escrita em visível desordem. É nela que está o fundamento do ato narrativo que, em primeira instância, apresenta o envolvimento amoroso entre um narrador dramatizado e uma personagem feminina – Débora ou Déobra (obra de Deus) – em mutação constante entre a realidade de uma presença (a mulher) e a virtualidade de outra (a obra). Autor, narrador, personagem e texto estão em contínuo movimento de aparecimento-desaparecimento, revelando ao leitor um universo contaminado pela realidade virtual.




O Fantasma --> Ao fantasma cabe uma função singular nesta narrativa. Sua presença é sugerida desde o título, atuando como uma espécie de programador da narrativa, alterando a ordem pré-estabelecida da língua, o ambiente, as personagens e a própria existência do narrador, em sério risco de desaparecimento, o que acabará ocorrendo ao final.
Sua ação poderia se aproximar, talvez, de uma das categorias da narrativa - a do autor implícito - realidade da qual nenhuma narrativa pode abrir mão, pois não é dada à função autoral a possibilidade de desaparecer, por mais que se modifiquem as estratégias que denunciam sua intervenção inferida por traços virtuais da construção textual, à semelhança de um “fantasma da máquina”.
Essa figura fantasmática, que habita um espaço movente entre a existência e a não existência, modifica a estrutura da narrativa e, como se fosse um vírus de computador, se dissemina por todos os existentes da máquina-textual, contaminando-os com a possibilidade do desaparecimento.




Débora --> No começo do texto não há mais “deifício” (trocadilho: dei, do latim deus; aedificare, construir, deificare, divinizar); não há mais opus dei. Momento solene, peal = toque (de sinos). Sem a obra divina, o mundo continua, mas não é mais o mesmo (dez). Surge então Débora, das águas (nascimento mítico, gesto adâmico de volta à origem e à fluidez... do ciberespaço?) (nove). O contato com Débora (o beijo) é a peça (o link) que organiza a realidade, conferindo-lhe sentido (oito); mas Débora é múltipla, sua natureza é matemática, sua matriz numérica (seis) jamais repete as posições (sete). Permanece em aberto. Como encontrar a matriz? A raiz?
Note-se que a presença multisensorial de “Déobra” é construída com a utilização de uma linguagem sinestésica e deliberadamente ambígua: atributos femininos confundidos com os de máquina e/ou andróginos (mamilo lilás, vulva matizada e cheirosa, clitóris envernizado, escapamento, voz de homem ou de secretária eletrônica), gerando estranhamento. Uma personagem que se desfaz para se refazer em outra, num fluxo contínuo entre ser mulher, ser máquina ou ser obra, esta mesma na qual estamos imersos como leitores. E aí está, também, um vínculo a mais com a narrativa num ambiente de ciberespaço.





O narrador entre a existência e a não-existência --> O narrador está presente na história. Trata-se de um narrador dramatizado, seja por ser personagem dela, seja por mostrar a própria experiência de convivência entre dois mundos - o real e o virtual - de forma viva e dinâmica, no aqui e agora do ato narrativo, que partilha, também, com a própria função autoral, ao assumir a responsabilidade pelo construto narrativo, de modo a mostrar que a ficção se apresenta enquanto realidade criadora de mundos possíveis e virtuais, sem a pretensão de “parecer real”.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Parnasianismo

CARACTERÍSTICAS GERAIS:
A poesia deixa de ser sentimento exacerbado e denuncia as injustiças.
Forma perfeita: rimas raras; vocábulos sonoros.
Princípio da arte pela arte; o objeto da poesia é ela mesma.
A Tríade Parnasiana: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.
Versos longos, decassílabos ou Alexandrinos.
É o representante mais perfeito dessa poesia.
Culto pela beleza inigüalável.
Empolgado com a epopéia bandeirante, cantou o herói nacional da época, os Bandeirantes.
Em Portugal - poesia O aristos, de Eugênio de Castro.
O cansaço causado pelo culto da forma (Parnasianismo), facilita o nascimento de uma forma estética mais solta, mais humana e subjetiva.
Na França: Baudelaire, Mallarmé e Verlaine.
É o fim da literatura com visão científica e determinista do mundo.
A busca da musicalidade das palavras.
Presença de sinestesia


Plena nudez
Eu amo os gregos tipos de escultura:/Pagãs nuas no mármore entalhadas;/Não essas produções que a estufa/escura/Das modas cria, tortas e enfezadas/.Quero um pleno esplendor, viço e/ frescura/Os corpos nus; as linhas onduladas/Livres: de carne exuberante e pura/Todas as saliências destacadas.../Não quero, a Vênus opulenta e bela/De luxuriantes formas, entrevê-la/De transparente túnica através:/Quero vê-la, sem pejo, sem receios,/Os braços nus, o dorso nu, os seios/Nus... toda nua, da cabeça aos pés!


No poema acima escrito pelo parnasiano Raimundo Correia, estão implícitos:



  1. o retorno ao Renascimento, à cultura clássica greco-romana;

  2. estética idealizada;

  3. ironia;

  4. extrema valorização da beleza;

  5. orgias romanas.

-> Agora com base nas aulas de Literatura, reflita sobre o seguinte poema:


A CAVALGADA
A lua banha a solitária estrada.../Silêncio!... Mas além, confuso e/brando,/O som longínquo vem-se aproximando/Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;/Vêm alegres, vêm rindo, vêm/cantando./E as trompas a soar vão agitando/O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, /estremece.../Da cavalgada o estrépito que/aumenta/Perde-se após no centro da
/montanha...
E o silêncio outra vez soturno desce.../E límpida, sem mácula, alvacenta/A lua a estrada solitária banha...




-> Questões de vestibular:



http://www.professorparaense.com/lit3%20simbolismo%20exercicio.htm


http://www.vestibular1.com.br/exercicios/literatura_brasileira_parnasianismo.htm

sábado, 12 de abril de 2008

Dom Casmurro : O Otelo de Machado de Assis



Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro, de Machado de Assis (1839-1908) é objeto de acirradas discussões entre leigos, professores e críticos. Trata-se de um duplo perfeito meticulosamente calculado pelo maior romancista da Língua Portuguesa.

Ao analisar o livro, o leitor deve ter em mente que essa é uma obra passível de duas interpretações fundamentais e antagônicas. A adesão a uma ou a outra dependerá da credibilidade que se atribui ao narrador-protagonista. O famoso pomo de discórdia que alavanca as polêmicas em torno do romance é a questão do adultério: Capitu, esposa de Bentinho, teria ou não o traído com Escobar? Mas será esse o problema nuclear da obra, ou mero pretexto para verificar aspectos maiores?

Capitu chegara à vida de Bentinho ainda criança, por volta dos cinco anos. Companheiros de brincadeiras, ele “batizava” as bonecas dela. Mas os anos passaram, e chegou o tempo do amor. Além disso, Bentinho, foco de convergência de sua casa, e até certo ponto seiva para os que desejavam a vitalidade apesar da falta de objetivos, tinha seu futuro neutralizado por uma promessa. Sua mãe, mulher devota, após a perda do primeiro filho, que nascera morto, prometera que, se o próximo fosse homem e vingasse, seria padre.

O período de seminário — ao qual, aliás, o temperamento pacato de Bentinho se acostumava — trouxe-lhe o amigo Ezequiel Escobar. Pouco mais velho e também pouco disposto aos votos, Escobar tinha um projeto que não envolvia amores: sua vocação era o comércio. Ambos conseguiram livrar-se do celibato: Bento foi a São Paulo estudar Direito, enquanto Escobar se estabeleceu como próspero comerciante. Em suas muitas viagens levava e trazia a correspondência entre Bento e Capitu, a quem chamava “cunhadinha”. Nesse meio tempo, Escobar conheceu a melhor amiga de Capitu, Sancha.
Os encontros resultaram em dois casamentos: Bento e Capitu; Escobar e Sancha. Estes logo tiveram uma filha, Capituzinha, em homenagem à madrinha. Os protagonistas retribuíram a consideração dos amigos dando o nome Ezequiel ao filho. Logo que Ezequiel nasceu, Escobar sugeriu a Bentinho que trabalhassem pelo casamento de seus filhos.


Os casais se freqüentavam, os pequenos se entendiam. Até que numa noite, depois de anos de convívio — Ezequiel tinha cerca de seis anos e Capituzinha nove —, Bento notou Sancha como não havia notado antes. O mar, onde todas as manhãs Escobar costumava nadar, estava em ressaca. Da janela da casa do amigo, na escuridão da noite, sentia o bramir do oceano; excitado pelo perigo que o aguardava na manhã seguinte ele estava certo de que mais uma vez venceria os caprichos das ondas.
Nessa noite, após o jantar, todos conversavam. Escobar sugeriu que tinha algo a dizer a Bentinho, mas que ficaria para outra ocasião. Este, então, sondou Sancha, que lhe parecia extraordinariamente bonita e acolhedora na ocasião. Ela lhe contou em segredo que o tal projeto era uma viagem à Europa dali a dois anos, os quatro, e rogou-lhe que não contasse ao marido. Ao se despedirem, a mulher de Escobar, a seu ver, apertou-lhe a mão com mais entusiasmo e olhou-o de modo peculiar, o que agravou a atração que sentia por ela naquele momento.
A impressão de cumplicidade sensual entre Sancha e Bentinho dilui-se na manhã seguinte, quando ele acordou com a notícia de que Escobar estava morto, vencido finalmente pelo mar.
A viúva ficou tão transtornada e infeliz que nada havia que cogitar sobre seu amor e fidelidade pelo marido. Ao lado do caixão permanecia aos soluços, amparada pela amiga Capitu, que, diga-se, não chorou, exceto na hora de fechar o caixão, momento em que homens e mulheres choraram. Somente Bentinho suspendeu suas lágrimas ao ver as da mulher “poucas e caladas”, e que ela enxugou “rápido” e, a seu ver, “a furto”.
Tempos depois, após um almoço, Capitu, ainda à mesa, aludiu a uma semelhança entre o olhar do filho e os de duas pessoas que conhecera antes, um amigo de seu pai e o “defunto Escobar”. Bento ponderou para si que não haveria mais de uma dúzia de olhares no mundo, e disse à esposa que em matéria de beleza, os olhos de Ezequiel haviam saído aos dela.


Mas o que se planta no inconsciente, no consciente viceja. O narrador foi tomado pela certeza de que o grande amor de sua vida o havia traído com seu melhor amigo. O único amor, o único amigo. A certeza o arrebatou. A partir de então passou a distanciar-se da família. Já não acudia às festas do filho quando chegava do trabalho e costumavam brincar. Evitava a esposa, em longas saídas.
Numa delas, assistiu a Otelo, clássico de William Shakespeare (1564-1616). Como é sabido, Otelo, o mouro de Veneza, casa-se com Desdêmona, rendendo-se ao mútuo e sincero amor que os unia. Mas o falso amigo Iogo persuade Otelo de que sua mulher o traía e planta um lencinho da inocente Desdêmona na casa do suposto amante. Otelo mata a esposa e depois se suicida.
No momento em que a platéia assistia ao assassinato de Desdêmona, irrompeu em aplausos. Esses aplausos tanto podem ser entendidos como entusiasmo pela atuação do elenco, quanto como um paralelo ao estado emocional do narrador: ou Capitu é Desdêmona, portanto, inocente, ou a peça pode ser um alerta para a traição de Capitu.
Ao final, Bento, definitivamente dominado pela suspeita, pensa em suicídio colocando veneno no café. Era domingo de manhã, dia de missa. O filho entrou na cozinha exatamente no momento em que Bento se preparava para ingerir a beberagem. Ao ver o garoto, porém, decidiu num lampejo que era o menino quem devia morrer, e lhe ofereceu a xícara. Ezequiel, que já tomara café, ansioso por agradar ao pai que andava tão distante, apanhou a xícara. Quando ia beber, Bento a derrubou de propósito, e começou a chorar. O menino, assustado, puxou-lhe pelas calças, chamando: “ — Papai!”. Ele disse que não era seu pai.


Optaram pela farsa: Capitu e Ezequiel partiriam com Bentinho para a Suíça, com o suposto intuito de dar uma educação européia ao garoto. Ambos nunca mais voltaram. Bentinho nunca assumiu a separação perante a sociedade

Durante seis meses, dom Casmurro conviveu com Ezequiel e com a suposta semelhança. Ao cabo desses, o rapaz seguiu para Jerusalém, onde morreria de uma febre. O narrador, ao receber a conta do funeral e a cópia do que se escreveu na lápide, diz que custou caro, mas que pagaria o dobro apenas para nunca mais ter de ver Ezequiel.
O arremate da obra é intrigante: citando o capítulo IX, versículo 1, de Jesus, filho de Sirach:
“Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”.
De olho no vestibular!
1.(UEL) O texto abaixo é o último capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é esse propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: "Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti". Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A Terra lhes seja leve! Vamos à História dos subúrbios.Pela leitura do texto, é correto afirmar que, depois de contar a história da sua vida e do seu amor por Capitu, Bentinho, o narrador:
(A) Conclui que Capitu não o traiu.
(B) Buscando conforto na Bíblia, chega à conclusão de que, apesar de Capitu o ter traído, ele deveria perdoar-lhe e não sentir ciúmes dela.
(C) Não tem certeza de que Capitu o traiu, embora acredite que ela tenha se transformado muito desde a adolescência, aparecendo quando adulta como uma cigana traiçoeira e dissimulada.
(D) Chega à conclusão de que Capitu já possuía, quando menina, os traços psicológicos que a caracterizariam na fase adulta.
(E) Constata que Capitu e seu amigo José Dias mantinham um romance desde a adolescência.
2. (UEL) As questões de 2 a 4 referem-se ao trecho do capítulo de Dom Casmurro (1900), de Machado de Assis (1839-1908.)OLHOS DE RESSACAEnfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto, nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.Fonte: ASSIS, J. Maria Machado de. Obra Completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 927.
Com base no texto e seus conhecimentos sobre a obra, assinale a resposta correta nas questões
de 2 a 4.A narração do momento em que Capitu fixa o olhar no cadáver de Escobar efetiva-se:
A) Muitos anos após a morte de Escobar, tendo por objetivo mostrar ao leitor a percepção do narrador da dissimulação de sua esposa, Capitu.
B) Logo após o enterro de Escobar, mostrando-se o narrador solidário com a dor da viúva, Sancha, personagem caracterizada pela dissimulação.
C) Através das palavras de Bento Santiago, melhor amigo de Escobar, tendo por objetivo registrar a dor dos amigos no momento do enterro.
D) Logo após o enterro de Escobar, tendo por objetivo registrar o forte vínculo que unia sua família à do negociante e ex-seminarista.
E) Muitos anos após o enterro de Escobar, tendo por objetivo ressaltar o transtorno ocasionado pela imprudência do ex-seminarista.
3. De acordo com o texto, é correto afirmar:
A) Diante do trecho acima transcrito, compete ao leitor acreditar ou não nas palavras do narrador uma vez que apenas suas palavras fazem-se presentes.
B) Capitu, embora seja vista apenas pelo narrador, apresenta um comportamento ambíguo, pois não quer que as pessoas notem seu amor por Escobar.
C) O comportamento dissimulado caracteriza Capitu, como deixam claras as palavras do narrador, seu marido, efetivadas logo após o enterro do amigo.
D) Diante das palavras seguras do narrador, ex-seminarista e advogado, resta ao leitor a segurança de que Capitu era uma mulher adúltera.
E) As palavras do ex-seminarista e advogado competente são a garantia da veracidade da cena descrita na qual Capitu fixa apaixonadamente o cadáver do amigo.
4. A denominação do capítulo, “Olhos de ressaca”, é resultante da leitura que o narrador faz:
A) Do mal-estar de Sancha diante do corpo inerte do marido.
B) Da agressividade incontida do olhar de Bentinho em direção a Capitu.
C) Do desejo detectado no olhar de Capitu de apossar-se de Escobar.
D) Da força e do ímpeto presentes nos olhos de Capitu dirigidos ao marido.
E) Do mal-estar de Capitu provocado pela noite passada em claro.
Gabarito
1)D
2)A
3)B
4)A

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Carlos Drummond de Andrade




(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.



Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.













sábado, 15 de março de 2008

Realismo/Naturalismo



*Contexto Histórico - O Realismo/Naturalismo surgiu inicialmente como uma reação aos excessos sentimentais do Romantismo , que já tinha saturado a cena artística européia desde meados do século XIX . Em Portugal , o marco histórico que introduziu as idéias realistas-naturalistas foi chamada "Questão Coimbra que , em 1865 opôs realistas a românticos . No Brasil , Realismo e Naturalismo tiveram trajetórias mais ou menos distintas : o primeiro iniciou-se com Memórias póstumas de Brás Cubas , de Machado de Assis , publicado em 1881 , e o segundo , no mesmo ano , com O mulato , de Aluísio Azevedo .

*Características - Opondo-se à idealização própria do Romantismo , os realistas-naturalistas optaram por um tratamento mais fiel da realidade , considerada de forma direta , sem aquilo que acreditavam ser uma mascarada fantasia ingênua do estilo anterior . A corrente naturalista utilizou-se com freqüência da aplicação do determinismo de Taine aos romances , condicionando suas personagens aos desígnios do meio físico e social .
O maniqueísmo que marcava as produções românticas será substituído por uma compreensão mais complexa da alma humana . O Naturalismo , curiosamente , acabará incorrendo em algumas simplificações exatamente em função de fazer os enredos se amoldarem a concepções científicas preestabelecidas , muitas vezes de forma mecânica e artificial .
Contra e a tendência escapista , o escritor encara a realidade de frente , tematizando as das relações humanas em seus aspectos corriqueiros , desprezando as grandes paixões . A corrente naturalista manifestará evidente preferência pela exploração da sexualidade . Isto quer dizer que os escritores nela alinhados escolherão do cotidiano os fatos mais escabrosos e incomuns para torná-los matéria artística : era o "belo horrível".
Seguindo a mesma linha , para combater o heroísmo romântico , os realistas compunham o perfil psicológico de suas personagens de acordo com traços absolutamente normais , de pessoas comuns . Já os naturalistas transformarão muitas vezes suas personagens em manifestação de caracteres doentios , em um processo de animalização que será explicitamente inspirado pelas idéias evolucionistas de Darwin .
De uma forma geral , se podemos dizer que no Romantismo prevalecia a imagem de um homem sentimental , no Realismo predomina o homem psicológico , e no Naturalismo o homem biológico .
Evidentemente , Realismo e Naturalismo estão profundamente ligados , de forma que alguns aspectos comuns podem ser facilmente encontrados . Ambos são anti-românticos , transformados por vezes seus produtos em instrumentos de desmascaramento da pieguice romântica decadente. Além disso , pratica uma análise da realidade fundada em uma visão objetiva da sociedade e do ser humano , quase sempre de forte teor crítico .Essa espiritualização , passou a ser encarado como manifestação fisiológica .
Acima de tudo , o Realismo e o Naturalismo defendem a busca da Verdade como fim último da prática literária , concebida quase como uma missão a que o artista deve dedicar toda a força de suas idéias e de seu talento .
A preocupação com uma linguagem mais acessível e informativa buscava superar o estilismo que tornara a expressão romântica um discurso empolado e vazio . A liberdade do início do Romantismo é negada em nome de uma expressão mais clássica , mais contida , mais regrada.

Todo naturalista é realista , mas nem todo realista é naturalista .

~~> Os naturalistas enfatizam o fato de a hereditariedade física e psicológica determinar o comportamento das personagens. Essas características é comum porque o naturalista admite uma visão predominante biológico do ser humano , tal como fora proposto pela ciência . A personagem naturalista também está condicionada a um destino contra o qual não pode lutar . Sua vida interior é reduzida a quase nada : seu comportamento aproxima-se bastante do comportamento anima , pois ela é movida pelo instinto . Daí decorrem as principais características das personagens naturalistas : - condicionamento da personagem ao meio físico , social e à hereditariedade ; - ênfase na satisfação de necessidades instintivas ; - comportamento muito semelhante ao comportamento animal ( por isso as inúmeras comparações entre seres humanos e animais ) . O homem é visto como um "caso" a ser cientificamente analisado ou como um ser condicionado pelas leis físicas e químicas , pela hereditariedade e pelo meio físico e social . Essa concepção explica por que muitas personagens naturalistas são exemplos de patologias sociais ou físicas .


~~> O romance tipicamente naturalista tem intenções combativas : pretende funcionar como um documento ao apresentar situações que levem o leitor a refletir sobre as condições da realidade social . O enredo naturalista apresenta , portanto: - situações de desequilíbrio social muito graves ; - denúncias das desigualdades sociais .


~~>O conflito da personagem realista origina-se quase sempre da decadência do meio social ou de desequilíbrios de ordem espiritual . A personagem naturalista tem a origem de seus conflitos em heranças biológicas que , num determinado momento , em determinado ambiente , vêm à tona . Por isso , as personagens naturalistas são sempre muito parecidas umas com as outras . Sua individualidade desaparece , levando quase todas a constituírem meros tipos ( tipo é o nome que se dá a personagens estáticas , com apenas uma característica marcante , que não mudam no decorrer da narrativa ) .


~~>Obedecendo ao determinismo científico que estava em moda na época , o escritor naturalista simplifica demais a realidade e o ser humano .


~~>O escritor naturalista dá preferência a ambientes miseráveis e desequilibrados , pois neles os conflitos sociais aparecem mais nitidamente . Cumpre acrescentar ainda que tanto realistas quanto naturalistas combateram três instituições da época : a Igreja , a família e a monarquia . São comuns nesse período romances que tratam do adultério e também da corrupção no clero .

No Brasil,os principais escritores desse período foram: Machado de Assis,Aluísio Azevedo e Raul Pompéia.
O Realismo significou a aparição de uma série de temas novos, mas, sobretudo, uma maneira diferente de entender a literatura. O subjetivismo romântico foi substituído pela descrição da realidade externa. O escritor realista desejava retratar a realidade tal como era, sem deixar de lado nenhum aspecto, por mais desagradável que fosse. A base do romance realista é a relação entre o indivíduo e a sociedade. Através dos personagens, abordavam-se conflitos sociais: entre a burguesia e o proletariado, entre a sociedade urbana e a sociedade rural, entre a ideologia conservadora e a liberal e progressista. Os personagens eram estudados em detalhe. Segundo Eça de Queirós:

Outrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem, inventava-o. Hoje o romance estuda-o na sua realidade social. Outrora no drama, no romance, concebia-se o jogo da paixões a priori; hoje analisa-se a posteriori, por processos tão exatos como os da própria fisiologia. Desde que se descobriu que a lei que rege os corpos brutos é a mesma que rege os seres vivos, que a constituição intrínseca duma pedra obedeceu às mesmas leis que a constituição do espírito de uma donzela, que há no mundo uma fenomenalidade única, que a lei que rege os movimentos dos mundos não difere da lei que rege as paixões humanas, o romance, em lugar de imaginar, tinha simplesmente de observar. A arte tornou-se o estudo dos fenômenos vivos e não a idealização das imaginações inatas. (...) Toda a diferença entre o idealismo e o naturalismo está nisto. O primeiro falsifica, o segundo verifica.


De olho no vestibular!

1)Sobre o Realismo,assinale a afirmativa correta:

a)O romance é visto como distração e não como meio de crítica às instituições sociais e decadentes

b)Os escritores realistas procuram ser pessoais e objetivos

c)O romance sertanejo ou regionalista originou-se no Realismo

d)O Realismo constitui uma oposição ao idealismo romântico

2)Tendo em vista as estéticas literárias brasileiras,podemos afirmar que o Realismo brasileiro:

a)Foi marcado por uma intensa preocupação com o aspecto histórico da nação.

b)Determinou o surgimento de uma nova escrita literária cuja ênfase recaiu nas relações amorosas de finais felizes

c)ao se confundir com o Naturalismo,pretendeu uma objetividade maior com vistas a retratar a realidade

d)foi o grande responsável pela afirmação de uma literatura de caráter sugestivo e ambíguo

e)veiculou uma visão idealizada da aristocracia brasileira do tempo do Império

3)Assinale a alternativa em que se encontram características da prosa do Realismo:

a)Objetivismo;subordinação dos sentimentos a interesses sociais.críticas às instituições decadentes da sociedade burguesa

b)Idealização do herói;amor visto como redenção.oposição aos valores sociais

c)Casamento visto como arranjo de conveniência;descrição objetiva;idealização da mulher

d)Linguagem metafórica;protagonista tratado como anti-herói;sentimentalismo

e)Espírito de aventura;narrativa lenta;impasse amoroso solucionado pelo final feliz

4)O Naturalismo,como estética ocidental do século XIX,presente também na literatura brasileira,tem como princípios ideológicos e estéticos

a)as leis científicas,os temas místico-religiosos,o descritivismo

b)o determinismo,o pensamento pessimista,a tensão dialética entre a participação e a impotência do indivíduo

c)a experimentação formal,o regionalismo e o primitivismo

d) a literatura cosial não-realista,o nacionalismo literário e a temática universal

e) o romance pitoresco e histórico,o santismo e a influência do método descritivo das ciências normais

Gabarito:

1)D

2)C

3)A

4)B

























segunda-feira, 10 de março de 2008

Tarsila do Amaral












Biografia


Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em razão da imensa fortuna que acumulou abrindo fazendas no interior de São Paulo. Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas nas quais Tarsila passou a infância e adolescência.Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. Casa-se em 1906 com André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce. Separa-se dele e começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Em 1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na Académie Julian em Paris. Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco” juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época começa seu namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante da “Semana de 22” integra-se ao Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava fazendo estudos acadêmicos.Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam: intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço que visita o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expõe em Paris, obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald de Andrade. Em 1928 pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil. Separa-se de Oswald em 1930.Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano seguinte participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor Luís Martins por quase vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50. De 1936 à 1952, trabalha como colunista nos Diários Associados.Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”. Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.




Fases da Pintora



Tarsila, com sua obra, revolucionou a arte no Brasil. Ela iniciou seus estudos em São Paulo com Pedro Alexandrino, mestre acadêmico. Em Paris, no início dos anos vinte, estudou na Academia Julian e com Emile Renard, já aparecendo como artista de vanguarda. Dessa primeira fase de sua pintura temos como exemplo "A Samaritana", 1911; "Pátio do Colégio", 1921 e "Chapéu Azul", 1922.Passou por uma fase impressionista, mas quando retornou ao Brasil em 1922, entrou em contato com o grupo modernista e começou a mudar sua pintura. Em 1923, de volta a Paris, entrou em contato com o cubismo (escola de pintura onde predominam figuras geométricas). Pintou "A Negra" e empolgou Fernand Léger, seu professor na época. Iniciou a pintura intitulada pau-brasil"" , onde a artista usou o cubismo como técnica, mas inovou colocando em suas telas temas e cores bem brasileiros. Tarsila criou o conceito de brasilidade, pois foi o "primeiro pintor" a usar as cores caipiras e a utilizar-se de temas do cotidiano do Brasil, lembrando-se muito de sua infância e adolescência vividas nas fazendas de seu pai. Dessa fase podem ser lembrados os quadros "Auto-retrato" ou "Manteau Rouge", 1923; "E.F.C.B.", 1924; "Carnaval em Madureira", 1924; "A Cuca", 1924; "Auto-Retrato", 1924; "O Pescador", 1925; "Religião Brasileira", 1927 e "Manacá", 1927.Posteriormente, quando pintou o "Abaporu", em 1928, querendo causar impacto em seu marido Oswald de Andrade, Tarsila iniciou o Movimento Antropofágico no Brasil. Este movimento, liderado por Oswald, propunha a "deglutição" da cultura européia, tranformando-a em algo bem brasileiro, e a figura do "Abaporu" idealizava o processo da deglutição. Esta fase da pintura de Tarsila intitulada Antropofágica é a mais importante de sua carreira. Temos como exemplo dessa fase os quadros: "Abaporu", 1928; "O Lago", 1928; "O Ovo" ou "Urutu", 1928; "AAbaporu - Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.00. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini. Lua",1928; "Cartão Postal", 1929 e "Antropofagia", 1929.Em 1933, depois de visitar a ex-URSS, pintou o quadro "Operários". Assim, mais uma vez precursora, Tarsila iniciou a pintura com temas sociais no Brasil. Nessa fase pintou também "Segunda Classe". Nos anos cinquenta a artista retomou as paisagens e as cores brasileiras que tanto a caracterizaram e voltou à pintura pau-brasil, agora intitulada neo pau-brasil. Tarsila fez duas grandes exposições em Paris nos anos vinte (1926 e 1929), com grande sucesso. Expôs no Brasil individualmente pela primeira vez em 1929. Até seu falecimento, participou de diversas exposições no Brasil e em vários lugares do mundo. Inovou sempre e contribuiu para mudar o rumo das artes do Brasil, junto com o grupo modernista brasileiro, mas mesmo dentro do grupo, sempre foi precursora, sendo assim considerada um dos artistas de maior importância na arte brasileira.




Algumas de suas obras








*Abaporu - Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara vendida até


hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.00. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.








*A Negra - Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.






























*Auto-retrato - Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que freqüentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.






 
© Papeis Krista '' Por Elke di Barros